Manchete do “Estadão” (19/7) alerta que companhias com passivo ambiental, ou sem uma bem estruturada agenda de sustentabilidade, correm o risco de receber menos aportes de grandes investidores, a exemplo do que ocorre com as envolvidas em corrupção e lavagem de dinheiro. Os fundos estão olhando cada vez mais para as questões ambientais, sociais e de governança corporativa.
O maior deles (da Noruega) decidiu excluir de sua carteira de investimentos a Vale e a Eletrobras, em decorrência do que foi a catástrofe de Brumadinho e problemas em Belo Monte. Países e gestores anunciam que não irão comprar ações de empresas brasileiras. Isso prejudicará o mercado de capitais e projetos de infraestrutura e privatizações.
Nunca foi tão importante o compliance nas empresas, especialmente o ambiental.
Empresas “carimbadas” com algum passivo ambiental passam a imagem de que agrediram significativamente o meio ambiente, cabendo-lhes pagar multas e indenizações, no intuito de que haja recuperação de áreas danificadas.
Os consequentes efeitos econômico-financeiro dessas medidas é que, gerando passivo ambiental, deverão as lesadoras realizar investimentos para compensar igualitariamente os impactos causados à natureza.
Dai vai que a agenda ambiental passa a ser, obrigatoriamente, de acentuada importância para os negócios de toda e qualquer atividade empresarial.
Guardando as devidas proporções e trazendo isso para o nosso microssistema de Rio Claro, há muitos empresários despreocupados com a questão. Talvez ficarão de fora de investimentos privados e projetos governamentais quando mais precisarem. Ou até mesmo não consigam nem sequer vender suas commodites (artigos de baixo valor agregado, como hortifrútis, metais, etc…) para países e empresas que exijam alinhamento com as causas e normativas ambientais.
Aqui em Rio Claro a questão ambiental chama a atenção há muito tempo e vem sendo bem defendida pela Comissão de Meio Ambiente da OAB local.
Dai a importância dos municípios nessa estória toda: poucas esferas do Estado têm tanto impacto direto sobre a vida do cidadão como o Executivo e o Legislativo municipais.
Em passado recente, quando João Luiz Zaine presidiu a Câmara Local, chegou-lhe às mãos um projeto de Lei que alterava pontualmente o chamado Proderc (Programa de Desenvolvimento de Rio Claro pelo qual as empresas que irão se instalar no município ou ampliar suas instalações e atividades podem postular a isenção total ou parcial do IPTU, dentro outras vantagens). O Proderc estimula a ampliação das atividades empresariais de quem aporta recursos e gera empregos.
Pois bem: a alteração legislativa que se propunha à época impunha a obrigação de que a empresa que quisesse fazer uso dos benefícios do Proderc-, deveria comprovar ter instituído uma agenda ambiental de fato, a partir a comprovação da implementação de um programa de compliance ambiental efetivo, apto a evitar danos ou minimizar impactos à natureza ou agressões ao meio ambiente.
Era um projeto de vanguarda, que poderia ser reapreciado (fica a dica!), ainda mais diante da realidade, nua e crua que vem afastando os investidores por conta justamente disso, ou seja, a falta de planejamento no aspecto ambiental, a partir de agendas concretas e coerentes com os princípios mais relevantes de proteção ao meio ambiente.